A secretária de Estado da Saúde Ana Povo anunciou no 34.º Congresso da OMD que a tutela vai apresentar o novo documento em breve. Um reforço dos médicos dentistas nos cuidados de saúde primário, uma maior integração entre setor público, social e privado, a revitalização do cheque-dentista e um novo programa SISO são as ideias-chave do novo programa de ação.
“Em breve iremos apresentar o Programa Nacional de Promoção de Saúde Oral 2030, um programa que vai chegar a mais pessoas e que será mais eficaz a garantir que, ao longo da vida, todos tenham acesso a cuidados básicos de saúde oral”, foi desta forma que Ana Povo, secretária de Estado da Saúde, anunciou o novo documento na sessão de abertura do 34.º Congresso da Ordem dos Médicos Dentistas, que decorreu na Exponor entre 6 e 8 de novembro.
Segundo avançou a governante, a nova estratégia da tutela para a área da saúde oral passa por continuar a apostar nos gabinetes de saúde oral nos cuidados de saúde primários, nomeadamente com a integração de médicos dentistas nas equipas, mas também pela aposta no fortalecimento da colaboração com o setor social e com a rede privada. O objetivo passará por aumentar o acesso, a referenciação para a rede de aderentes e, em última análise, dar “mais liberdade de escolha, sobretudo para quem mais precisa, e assim nascerá uma verdadeira rede nacional de saúde oral mais ampla, mais equitativa e mais integrada”.
A primeira transformação do novo programa destacada pela governante “será a implementação do SISO [Sistema de Informação para a Saúde Oral] 2.0, uma plataforma moderna, integrada e totalmente digital. Vai simplificar drasticamente a implementação do programa cheque-dentista, eliminando o papel e tornando todo o processo acessível através da App SNS24”.
Para além de continuar a apostar no cheque-dentista, reforçando os grupos elegíveis, Ana Povo anunciou ainda que, em 2026, uma das novidades que a tutela pretende implementar é “começar a trabalhar na introdução do cheque-prótese, um passo histórico porque reabilitar a cavidade oral é devolver dignidade, a capacidade funcional e a qualidade de vida”.Miguel Pavão lembrou ainda a problemática da emigração de médicos dentistas. São já 1476 os profissionais que têm a inscrição na OMD suspensa há mais de cinco anos e na perspetiva do bastonário “é preocupante, assistimos a uma fuga de talento comprometendo a demografia e a sustentabilidade económica, com jovens formados em Portugal a procurarem oportunidades lá fora. Não faz sentido que o país forme, mas não retenha o seu capital humano”.
O responsável assegurou ainda que a OMD está no momento de viragem para “um novo ciclo de modernização e de afirmação” no sentido de se posicionar como uma “instituição mais aberta e colaborativa, reforçando o nosso papel na construção de políticas públicas e na valorização da profissão”. Incentivou os presentes e toda a classe a juntarem-se ao desígnio apresentado para que “a saúde oral deixe de ser o parente pobre da saúde em Portugal”.
A sessão de abertura dos trabalhos do Congresso, que este ano decorreu sobre o mote “As competências do médico-dentista do século XXI”, teve ainda a intervenção de Ana Paula Reis, presidente da Comissão Organizadora do encontro, que disse acreditar “com toda a convicção que é a dimensão humana que sustenta tudo o que fazemos, é ela que nos permite cuidar melhor e dar o verdadeiro sentido à nossa profissão”.Também António Mata, presidente da Comissão Científica, teve na mira a inovação e a humanização em medicina dentária. E na opinião do responsável “o grande desafio do século XXI é a aquisição de novas competências que nos mantenham humanos e capazes, social e profissionalmente. E, particularmente na área da saúde, que preservem a relação médico-paciente e não, avancem na sua degradação”.